Cádis
Cádis, dizem, é a cidade mais antiga da Europa.
Há quem discorde, mas seja como for, é bem antiga. Cristovão Columbo partiu daqui por duas vezes nas suas viagens ao Novo Mundo. Construída numa estreita ponta de terra, chega-se a Cadiz por uma única estrada sobre o mar, o que lhe dá ainda mais um ar mágico.
A época dourada da cidade foi durante o século XVIII bem patente na arquitetura da época do centro histórico, um emaranhado de ruas, ora estreitas, ora largas, em que os bares, cafés e muitas das lojas nos transportam para outras eras pelo seu ambiente vintage.
Cádis é rica em monumentalidade, parece entrarmos num mundo do passado sempre que passeamos pelas suas ruas. Cidade a pedir uma visita aos apaixonados pela história, e se ainda não fizer parte da sua lista de sítios a visitar, então visite-a pelo seu Carnaval, um evento único, intenso, bem diferente das cópias do Rio a que estamos habituados. Ou visite-a por causa da Ruta del Tapeo no verão, quando os bares de tapas da cidade - esta bem conhecida pelos mariscos e peixe - , disputam o prémio do melhor local de tapas.
Jerez de la Frontera
Associada à cidade está a bebida, o vinho licoroso, algo parecido com o nosso vinho do Porto, cujo nome “xerez” vem do nome da cidade, da forma como é pronunciada a palavra Jerez.
A cidade, no interior da província, a poucos quilómetros de Cádis, merece uma visita às bodegas (caves), onde se produz este vinho delicioso, bebido tanto como aperitivo, como digestivo – visite por exemplo a Harveys, a Gonzalez Byass ou a Williams & Humbert, mas há mais.
Se depois das caves e de provar o xerez, ainda se encontra em forma, a cidade de Jerez tem ainda excelentes bares e restaurantes, onde provar as tapas deliciosas; mas também pode apenas ir a um desses incríveis tabancos: salas cheias de pipas onde o xerez é vendido ao copo ou garrafa, mas sem tapas. Uma dica: se tiver consigo uma garrafa vazia de água, pode pedir para lha encherem com esse vinho.
Mas não só de xerez vive esta cidade. Os cavalos aqui também são de grande importância e anualmente pode ver as artes equestres que por aqui são apuradas por alturas de maio na Feria del Caballo ou Feria de Jerez.
Tarifa
Nem tudo aqui roda à volta de cultura e história (que existe de qualquer forma em quantidade em Tarifa) – aqui, a maior atração que esta faixa costeira oferece é kite surf.
Zona ventosa de excelência ao longo de todo o ano, Tarifa é por isso a capital europeia de kite surf, e se o seu objetivo é amarrar-se a uma prancha por um lado e a um papagaio por outro, então tem mesmo de vir aqui a Tarifa.
Uma variedade de escolas de kite surf estão disponíveis para ensinar este desporto. No entanto se preferir algo mais calmo, pode sempre optar pela observação de baleias, ou simplesmente saborear o ambiente único de mais outra cidade encantadora localizada no ponto de convergência entre dois mares.
E como prometido, mesmo aqui por entre hordas de surfistas, é impossível escapar à história. Esta cidade está estrategicamente localizada quando no século VIII os mouros invadiram a Península Ibérica, pelo que ainda se podem ver várias fortificações mouriscas bem preservadas.
Vejer de la Frontera
A Andalusia é rica em Pueblos Blancos, aquelas pitorescas vilas e pequenas cidades caiadas de branco. Na província de Cádis há vários e de entre eles destaca-se Vejer como um dos mais encantadores.
Aninhada numa encosta no interior, quase nem damos por ela ao passarmos de carro, se não olharmos para cima. Mas olhe e descubra Vejer cujas ruas estreitas e sinuosas e casario branco parecem entalhadas na encosta íngreme.
Vejer de la Frontera é um emaranhado de encantadoras ruas sinuosas e pequenas praças. É uma pequena cidade virada para o turismo, dispondo de materiais informativos em duas ou três línguas, lojas vocacionadas tanto para turistas como para colecionadores e alguns bons restaurantes, o que é algo raro num ambiente mais rural de outros Pueblos Blancos. Até mesmo encontrar alojamento de charme não é difícil aqui.
Sanlucar de Barrameda
Uma boa parte dos visitantes da Andaluzia, que passam pela província de Cádis, não vão a Sanlucar de Barrameda e isso é uma pena, afinal há vários motivos para visitar esta cidade. Situada na margem sul do rio Guadalquivir, ao lado do Parque Nacional de Doñana (lembram-se do programa o Homem e a Terra?), onde ainda vive a águia imperial espanhola e o lince ibérico.
Além de ser um bom ponto de partida para visitar o Parque, Sanlucar é uma pequena, quase desleixada e sossegada cidade que produz os Manzanilla, um tipo de xerez mais seco, cujo travo algo salgado é atribuido à maresia que sopra por cima das bodegas.
A não perder aqui o velho castelo, bares e restaurantes, incluindo os que ficam em Bajo de Guia, que servem delicioso peixe – que mais se pode querer?
El Puerto de Santa Maria
O porto de Santa Maria é uma perfeita desculpa para entrar em Cádiz no catamarã que em meia hora desliza pelas águas, por vezes algo picadas da baia, para atracar nesta simpática cidade, qual irmã mais pequena de Cádis.
Viramos numa esquina é parece estarmos em Cádis, vire noutra e já parece que estamos em Jerez, viramos ainda por outra e julgamos estar em Sanlucar. Permitimo-nos estas comparações, porque Santa Maria faz parte do Triangulo do Xerez, onde é produzido o fino, um xerez seco.
Mais pacata que Cádis, é no entanto um destino de férias vibrante no verão, cheio de Sevillanos que fogem do calor opressivo de Sevilha. Os seus restaurantes de grande qualidade, incluindo o famoso Romerijo, uma marisqueira de qualidade, mostram a popularidade de Santa Maria como destino de férias.
Arcos de la Frontera
Empoleirada numa cumeeira de arenito, os seus habitantes certamente consideram a sua cidade mais espetacular do que Vejer. Para nós ambas merecem uma visita, cada qual à sua maneira. Tal como muitos dos Pueblos Blancos desta zona, esta cidade também tem um passado mourisco, como se pode atestar pelos estandartes mouriscos expostos numa igreja de Arcos há mais de 500 anos.
A cidade é um encanto para o olhar com tudo o que caracteriza os Pueblos Blancos; o conjunto labiríntico de ruas sinuosas e estreitas, praças caiadas de branco. É relativamente grande para um Pueblo, pelo que se se perder, pode demorar um pouco a encontrar o caminho de volta. Há um castelo que recua ao século XV e várias igrejas e edifícios dos séculos XVI e XVII para admirar antes de se decidir por um dos muitos restaurantes de Arcos.
Grazalema
Diz-se que Grazalema é a cidade andaluza onde mais chove, mas isso não deverá ser motivo para não ir lá. Andaluzia tem um clima bastante seco e Grazalema está bem habituada ao céu azul. A cidade fica no Parque natural da Sierra de Grazalema. Este pequeno Pueblo Blanco, na base de um grande afloramento rochoso serve de base para os visitantes que procuram esta zona para fazer montanhismo e caminhadas. Há aqui muitas especialidades únicas como o Queso Payoyo, um queijo de cabra bem mais doce que é habitual. Também os produtos de lã são aqui uma tradição como os tapetes ou os ponchos. Entretanto e para fazer frente ao aumento de visitantes há agora vários restaurantes e bares para quem regressa de uma caminhada revigorante ou não!
Medina Sidonia
Um dos sítios que disputa a antiguidade com Cádis é esta cidade, Medina Sidonia. O que nos surge hoje em dia como uma cidadezinha no topo de uma colina foi fundada por Fenícios e teve a sua importância em todos os períodos históricos desde então: romano, mourisco e castelhano. Todos estes povos numa ou noutra vez cobiçaram esta cidade e no século XV foi mesmo a mais importante sede ducal de Espanha.
Felizmente, a Medina Sidonia dos nossos dias é uma pacata cidade visitada por alguns turistas com uma praça central imponente e outros atrativos turísticos. Mais uma vez ganhou importância, agora por causa dos seus ‘alfajores’, um doce tradicional espanhol de origem árabe, à base de amêndoas, avelãs, sésamo, canela e cravinho.
Jimena de la Frontera
A forma como terminam os nomes de muitas destas cidades em ‘de la Frontera’ é uma referência ao facto de esta ter sido a fronteira entre o mundo cristão e o mundo mourisco. Jimena está, como tantas outras aqui, também bem agarrada à sua encosta em cujo cume fica o castelo. Ruas estreitas e sinuosas, onde se encontram pequenos mas encantadores restaurantes, serpenteiam monte acima até ao castelo.
O rio Hozgarganta corre à volta da base do monte e há vários sítios bons para tomar banho. Esta cidade está um pouco afastada dos centros mais desenvolvidos da costa, mantendo muito da sua traça tradicional e a área rural envolvente é de um grande encanto permitindo por isso passeios e caminhadas encantadoras.
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