A ilha semi-desértica de Fuerteventura fica a apenas 52 milhas náuticas da costa de Marrocos. Geograficamente mais perto de África do que do país-mãe Espanha, Fuerteventura é a segunda maior ilha das Canárias, atrás apenas de Tenerife.
Com um clima quase perfeito, as temperaturas médias mensais variam entre os 17 graus centígrados em Janeiro e os 25 graus em Agosto, e tem mais de 3 mil horas de sol por ano e menos de 150 mm de precipitação. Pode-se dizer que Fuerteventura é um destino ideal seja Inverno ou Verão, e consegue anualmente cerca de 1.8 milhões de turistas, que confirmam o mérito da região.
A geografia de Fuerteventura
As sete ilhas que compõem o arquipélago das Ilhas Canárias são: Tenerife, Fran Canaria, Lanzarote, Fuerteventura, La Gomera, La Palma e El Hierro. Estão separadas num arco de cerca de 500 km.
A ilha de Fuerteventura é a segunda maior e mede 1660 km2 (incluindo a ilha de Los Lobos). Reconhecida consensualmente como a ilha mais antiga do arquipélago, sabe-se hoje que nasceu há cerca de 20 milhões de anos como resultado de uma erupção vulcânica.
A ilha pode-se dividir em duas secções: La Maxorata e a Peninsula Jandia. A maior parte da actividade económica e residência dos habitantes estabelece-se na primeira, La Maxorata. Já a Peninsula Jandia está praticamente deserta; é uma zona montanhosa e bastante árida, a sua geografia infligida por ventos do sul.
As suas origens e localização, a menos de 100 kms do Sahara, são elementos fundamentais que conferiram a Fuerteventura a sua paisagem desértica, quase lunar. Os regulares ventos de Este, soprando desde o Sahara, trouxeram a finíssima areia branca tão particular das praias espectaculares desta ilha, também compuseram as dunas tão famosas de Fuerteventura.
As dunas de Corralejo, próximas de um dos mais conhecidos e cosmopolitas resorts da ilha, foram há pouco tempo classificadas como Parque Natural, à semelhança do que já acontecia com toda a ilha de Los Lobos.
As águas da costa estão férteis de fauna subaquática e é um dos sítios com melhores pontos de mergulho e com a maior biodiversidade de peixe de altas profundidades da Europa. Os golfinhos, peixes-espada e baleias são bastante comuns e é fácil de os avistar.
Praias de Fuerteventura
Fuerteventura é um destino de excelência para apanhar sol, ir à praia e praticar desportos de água.
É abençoada pelas praias de maior extensão do arquipélago das Canárias, tem nem mais nem menos do que 152 delas ao longo dos 350 quilómetros de faixa costeira. É normal portanto que ofereça diferentes perfis de praias e vá de encontro a todos os gostos. É também sem surpresa que esta ilha em particular tenha vencido a prestigiada Quality Coast International Certification no ano passado.
Chegará portanto a altura de escolher, e pode-se dar ao luxo de ser exigente: há praias a norte indicadas para a prática de windsurf, com ventos e marés fortes, mas se vogar a sul chegará às praias mais calmas, circunscritas por penhascos que garantem uma ondulação mais contida. Será também decisão sua manter ou não o fato de banho. O nudismo, nas várias praias da ilha, é largamente aceite e praticado.
Dependendo do mar e das condições de vento, um bom sítio para surfar pode-se tornar, do dia para a noite, numa sossegada praia familiar. E a ilha é pequena o suficiente para permitir que siga de carro à procura da sua praia ideal e encontre em pouco tempo exactamente aquilo que pretendia.
De entre os melhores sítios para a prática de surf destacam-se: El Cotillo, Sotavento (lugar dos campeonatos do mundo de kite surfing, que acontecem sempre em Agosto), Majanicho, La Caleta, Punta Blanca e Cofete – esta conhecida como uma fantástica praia para os iniciados.
Corralejo ganhou a fama de praia exemplar, ao ponto de poder figurar em qualquer postal de férias. Situa-se ao norte da ilha e estende-se por cerca de 10 quilómetros de areia dourada. É a favorita de uma imensidão de gente e percebe-se porquê.
Olhando para a fotografia em baixo, é como se pisar Corralejo fosse o equivalente a andar descalço sobre as folhas brilhantes de uma revista de viagens.
A paradisíaca ilha de Los Lobos fica a uns meros 10 minutos de distância de Corralejo, se apanharmos o ferry.
O parque natural, profundamente cuidado e protegido, é dos melhores para a prática de snorkeling naquela região. Combine esta experiência com uma caminhada rápida até ao pico da ilha em Caldera de la Montana e terá as suas férias em Fuerteventura recheadas de boas memórias.
Da terra batida para o interior selvagem
Fuerteventura tem muito mais para oferecer do que as praias. Há um lado selvagem no interior da ilha que permite experiências fantásticas de viagem e algumas surpresas rurais.
A aldeia de Betancuria, que já leva 600 anos de existência, foi em tempos a capital de Fuerteventura e hoje é, com toda a certeza, a mais pitoresca povoação na ilha. Localizada numa planície que fica entre montanhas vulcânicas, as casas imaculadamente brancas cobertas de coloridas buganvílias (também conhecidas como flores Primavera) são um encanto para a vista e para o espírito.
Muitas outras aldeias pitorescas encontram-se espalhadas ao longo da ilha. Lugares que resistiram à passagem do tempo, elas podem-se encontrar maioritariamente nas zonas interiores, longe da confusão das áreas costeiras.
Na zona norte, Lajares e La Oliva & Villaverde são aldeias a decorar. Ao centro da ilha, atente a Antigua, Triquivijate, Tiscamanita & Casillas de Morales. Pájara é outra das referências, sítio onde fica o parque natural de Jandia.
Cabras, moinhos e Aloé Vera
Os dois motivos mais icónicos de Fuerteventura são as cabras e os moinhos. É difícil conceber que aquela paisagem agreste possa acolher quase um quarto de milhão de cabras. Mas acolhe, e os animais engordam e pastam alegremente. O único aspecto menos bom é que as zonas rurais das redondezas acabam por sofrer a erosão causada pela manutenção das cabras.
À parte isso, o premiado queijo de cabra de Fuerteventura é hoje mundialmente famoso pelas melhores razões. Os queijos Majorero e palmero são daquelas qualidades que podem levar à perdição. E são também os únicos dois queijos das Canárias que são protegidos pela Denominação de Origem.
As cabras e o queijo estão tão profundamente ligados à história de Fuerteventura que os seus habitantes são ainda conhecidos por “Majoreros”. A palavra com origem nos Guanches, o povo aborígene original da ilha, partiu da expressão “mahos”, um sapato de pele de cabra que era calçado pelos indígenas.
Os moinhos estão sempre por perto em Fuerteventura. A ilha fustigada por ventos fortes sempre foi ideal enquanto território para a prática da moagem, uma actividade que, só nesta ilha, subsiste há mais de 200 anos.
É interessante observar que os moinhos tradicionais se distinguiam por género. Molinas – os moinhos femininos, com apenas um andar de altura; já a contraparte masculina – molinos – têm dois andares. Eram espaços originalmente utilizados para a moagem de milho, que depois servia para produzir as muito apreciadas papas “gofio”. Para ver como é preparada esta refeição de farinha de milho vá até à aldeia de Antigua.
Aloé Vera é, talvez, a única planta capaz de suportar o clima duro de Fuerteventura. E é relativamente bem-sucedida. A Aloé Vera e seus derivados são hoje uma parte importante da economia local.
A espécie de Aloé Vera mais comum na região é a Barbadensis. O tipo de que se diz ter propriedades curativas quase mágicas. Até Cristão Colombo se dizia fã da planta, e quando passava pelas Canárias fazia questão de encher as suas embarcações com várias caixas de provisões. É comummente aceite que as plantações Americanas foram importadas das Ilhas Canárias.
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